quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

sonolências



 I

estendo as mãos no escuro
a tarde move-se devagar
não há pressa em devorar o tempo
consumo-o em doses moderadas
de silêncio e dor, febre e sonho

peço à dor que pare
e que o hálito das árvores,
ou a serena planura dos teus dedos
venha refrescar-me a fronte
ou aflorar-me com um beijo


II

limo as horas pelos dedos
enquanto te espero
devo ter delirado por um momento
estiveste ao meu lado
e a ternura dos teus olhos
suavizou as batidas do tempo
que me faziam eco no corpo

agora quero mergulhar na sonolência
para te ter de novo

III

mas antes preciso de te saber
seja o que for, uma palavra
um sopro

um sinal de que o tempo é nosso
e nos pertence o universo
que sabemos criar por dentro
na rima simples de um verso