terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
memórias revisitadas
leio-te os olhos
infinitos
afago a face em ti
e vejo o alcance extensíssimo
do teu olhar
sei-te mais longe
e de tão perto te busco
que me cruzo com o teu peito
para ficar
diria mais vezes
o pronome, tu, tu, tu
e repetiria vezes sem fim,
o nome que te diz
como uma água fresca vinda à boca
na sede do Verão
meu amor, o nosso reino
não tem espaço, nem tempo certo
era uma vez
uma árvore e uma ponte
um rio e uma vida algemada
era uma vez um dique
e a mão que o abriu
era uma vez a corrente que fluía
e o sangue que se avivava
e depois foram tantas palavras
que o amor extravasou as margens
compulsivamente
amei-te, porque me medias
e eu te chegava
e porque me vias
onde ninguém mais me suspeitava
e porque eram lindas
as tuas chegadas
chegavas e eu respirava enfim
partias e eu chamava
se te conheço os traços
já te conhecia o coração
agora só quero ter-te
e sentir que ao meu ouvido
me murmuras flores, arrebatado
como eu
intensamente só e sonhador,
meu bem-amado