terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

chá de centelhas


hora do chá
descida ao lago doce e quente
do afago em busca do fim de dia
ao longe a palavra sempre
e uma manta leve
na poltrona vazia

renda de palavras
e o sabor crescente
da rosa mergulhada em água fria

rimas em renda e vapor de palavras
unas simétricas nas toalhas alvas
dispostas na mesa da merenda
um chá de fagulhas e centelhas
doce de romã numa salva
e chá de bagas vermelhas

rumor no soalho
provavelmente um bicho de casa velha
ou o lugar imaginado
onde a casa se ergue e emerge
real e verdadeira
pois nós dois, enfim,
um só corpo e lado a lado


.