habituei-me à escada do poema
subo-a como subo o nevoeiro
ou subo os sonhos a montante
pelo rio
cada poema prolonga sombras
às vezes sons, seixos
e lírios
sílabas crateras camufladas
só o poeta sobe o tom
e canta a face das aves
subo-a como subo o nevoeiro
ou subo os sonhos a montante
pelo rio
cada poema prolonga sombras
às vezes sons, seixos
e lírios
sílabas crateras camufladas
só o poeta sobe o tom
e canta a face das aves
e das palavras
a sua poesia é um tripé
uma escada que se ergue na voz
e sobe até à alma
de quem subir a escada
do poema