sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

evaporar os sons

ao postigo
espreito a queda da tarde
aluída a nave
do corpo

emprego
o tempo a temperar
lamentos

desde que te desconheço
e te duvido
adentra-se o frio
uma fragata perdida

são leves os indícios
da solidão
na tarde marinha
de gaivotas enregeladas

cruza o ar uma bátega de rosas
parece que a escuridão recua
e a luz se eleva

sou eu que sou perita
em ler planos novos nas palavras
e que aprendi finalmente a evaporar os sons

toda a fala é feita de lacunas
vogais e consoantes, alveolares, veladas
mas a fala que eu sei das nuvens é feita
das coisas ardentes, amealhadas