segunda-feira, 9 de março de 2009

melodiosa e branda



abro-te o livro do meu corpo
abro o meu corpo e abro o livro
que é o livro do meu corpo
quando o corpo se faz livro
e o livro nos anota

mas abro, abro a palavra abreviada
a palavra primavera branca
a palavra primavera rubra
a palavra primavera alada
ou verde em trança.

e entre os silvos sibilinos
da penumbra e do silêncio
uma leve asa de sonho
esvoaça e anda peregrina
em voos rasos e planos
que não alcançam cumes

sou eu que só conheço
o suor da terra, a sua dura anca
somente a minha voz se ouve na terra
que a tua, melodiosa e branda,
pertence ao céu, onde o sonho manda...

.