Tela de Jean-Paul Avissegostava de sintetizar a tua essência
numa cadinho de alquimia
e verosimilhança
cobrir com ela o meu corpo
em círculos grandes
cerrados para o desejo
poço da tua boca
queria-me num canto
do teu sorriso
lábios maduros bebendo
e rindo muito
esse vinho misterioso
que te pressinto
universo intenso
mum segundo
corpo aprisionado e livre
contraído
profundo
e uma nebulosa no ventre
pulsão aritmética
quando enfim nos alheássemos
da contagem do tempo...
a tua essência, meu amor,
no eclipse que sonhámos juntos
o teu pródigo perfume
numa só palavra
lavrada em lume
lânguida, luminosa fala...
nívea noite, esta que nos reúne
e uma nebulosa no ventre
pulsão aritmética
quando enfim nos alheássemos
da contagem do tempo...
a tua essência, meu amor,
no eclipse que sonhámos juntos
o teu pródigo perfume
numa só palavra
lavrada em lume
lânguida, luminosa fala...
nívea noite, esta que nos reúne