e assim me despertas
para me incinerares de seguida
...
e eu que vinha florida
com um Maio atrevido
que não concebo de ninguém
a não ser só do teu corpo
...
agora que assim te ouço
à flor da partida...
...
vejo que chegou a hora
e assim, se quiseres eu parto
como se partisse dentro de mim
o correr da vida
...
já te dei tudo que podia dar
à luz do dia e do luar
não lamento o tempo
nem o teu silêncio que se tornou agora amplo
nem sequer que tenha sido inútil
ouvir e beber do teu pranto
lutar por nós desde
o primeiro momento
...
lamento só que nunca tenhas querido
o que sempre te ofertei
braçados de rosas
nascidas da areia e do
espanto
formosas rosas do teu ser
espinhadas de emoção,
vê bem
- éramos um pretexto
alternativo para viver
o que nos vivia perto
... agora, se tu quiseres
caminharemos mais longe
no limiar do entardecer...
até um dia, decerto!