quarta-feira, 29 de outubro de 2008

o que sinto hoje

nuvens de algodão, como carícias
flutuam leves no meu colchão
febre fria deserto preenchido
desasossego e paz
contradição

és como o vento
que vem em velozes vendavais
e remoinhos
e logo se acalma e se aquieta
no seu mero mutismo

mas eu sei ler o vento
e a sua voz de imensidão
sei ler o teu silêncio
e o que tem de
elo e elocução

porque há lugares irrepetíveis
quando buscamos a lua
e achamos o chão

porque há formas fátuas
quando o amor vem solto
uma bandeja de iguarias
que os sentidos aguardam,
e passa ao lado, porque há uma
imperfeição fatal no amor

para vivê-lo, basta só um
com os sentidos e os poros alerta
no amor que os desperta...

mas só um não basta
para uma fuga, uma fugaz fuga
que tudo justifique
que tudo dulcifique e iluda
até mesmo o facto de nos exaurirmos
na busca da fonte da vida!

boa noite...