terça-feira, 5 de agosto de 2008

náufragos dos sentidos

tu sabes e não sei como sabendo
não adivinhas
os momentos em que o sono que te abraça
e a leveza que te leva
são premências minhas
nas tuas pálpebras sombrias
no teu sorriso pequenino
na tua pele de fresca falua

tu sabes quando
nidifico a tarde na penumbra
e por pouco o sonho
que te tece
não te deslumbra
com a realidade fecunda
a minha cintura em onda
o meu modo melodioso de amar-te
com uma denúncia calada e prosseguida
no toque intenso e interno
na cumeada reacesa
e fortemente batida pelo desejo
que nos desce até ao vale
a velocidade viva de uma vida
dar-te o meu corpo em sesta entontecida
pela tarde tardia avanças
recebo-te em lança
em erecto acento e sílaba lida
no toque intenso e interno
que nos alcança unidos
em fervida pujança
como dois náufragos
dos sentidos!

se queres ornar a noite
com novas flores a deflagrar no ninho
vem, viaja-me na orla do meu ouvido...

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