a primeira palavra palmilhada
percorre ainda estes caminhos
são sílabas alaranjadas, ouves?,
de um pôr-de-sol marinho
daqueles que parecem a alvorada
o rito a roda o labirinto
de um novo mistério divino
como vou eu fazê-la mais sólida,
diz-me, a palavra que nunca ouvimos
como vou enrrendilhá-la
sem a teia dos sentidos?
como vou sitiar o sol num sorriso
fazer da tua pele filigrana fina
entardecer o teu peito menino
na minha ombreira calada
trazer ao peito a pedra antiga
diz-me como tocam no teu peito
os ébrios sinos
como alcanço a fraga de cristal
a fragrância frondosa da tarde
a essência floral do verso alexandrino
na infusão de chá
que verto nas veias que vindimas
ah, diz-me onde encontro
o ceptro de rainha de um palácio fabuloso
onde as palavras luziam como prata
e os olhares faziam ninhos
a efabulação da verdade, diz-me
como a trarei vestida
e uma pele de arminho
que me cubra e desnude na
palavra tão resumida?