consagro a tua pele
nos meus lábios agrestes
tenho sede do teu corpo
do linho das tuas vestes
comemoro a tua boca
no murmúrio do ouvido
mar amante e burburinho
nesta concha do meu corpo
espuma que espraia
os meus sentidos
componho os teus membros
entretecidos no repouso
ampla brisa são meus afagos
teu dorso esquecido
são remos de vida
mergulhos esquecidos
entre a seara
que o teu peito me anseia
e o íntimo sulco
convenho a sede do teu sorriso
é preciso que tudo se feche em redor
entre plumas e gestos reunidos
que a fundo se feche a tarde comigo
no ventre vazio do vero mundo