domingo, 10 de agosto de 2008

estivalidade

metamorfose estival
a doce polpa do corpo
ao porto do sol
acerado de ondas

vicentina esperança
somos novamente moços
remoçados de virtude
e viril franquia na viagem

voraz o lume das tardes
fiz uma tenda no meu deserto
avantajado espaço ao vento
penumbra de sol
poalha de milho
ao longe pinheiros
e serenas copas do infinito

decalquei a não-existência
o tempo sem espaço
o tempo deítico esbatido
num olimpo urbano
verbo merecido

agora o estio de luz no asfalto
na pele, no peito, no seio
no olhar, na palavra, na árvore
no trevo, no travo
embriagada de vida no mundo
ao meu lado...

amo o que existe
e o que se revela nas entrelinhas do mar
para amar é preciso existir

para existir
é preciso pousar as candeias dos deuses
e ser alguém com pele e penumbra
sombra e vendaval
ser um ser com nome, mesmo que banal...