véus de bruma e mel
queimam meu rosto
um Verão que veio
revigorado e novo
fragas rasguei
no meu percurso
alarguei ao mundo o meu sorriso
mas não te encontrei
a não ser nas pedras e vento difuso
tenho medo
do que não vivo
assusta-me o mergulho nessas águas
onde o teu pulso me eleva
a minha imaginação já não me leva
na corrente onde dantes me esperavas
porque tu, meu amor distante,
és uma ideia que me confunde
a ponto de já nem saber se me existes
na fragilidade da pele
ou muito mais fundo
falas-me em vozes diferidas
e eu que espero de ti a novidade
o grito novo
o nome proferido
encontro os teus passos
tão esquivos
tua mascarada face, e teu possível sorriso
como um gesto rotineiro
quase uma prece lançada
de um tempo que não chegará
a inundar-te a fala
e eu amo a tua atenção
e o teu conforto
amo mais que tudo ainda
a ideia de te prolongar no meu mundo
a vontade de mudar a nossa vida, o nosso rumo
sou prosaica e real
não desvario
os meus sonhos falam-me de buracos
onde o meu nome tem sumiço
sonho com a morte viva
e só se me falares mais perto
saberei reencontrar a paz
e a inquietação
do nosso íntimo deserto...