ganhar a custo a paz perdida
perder a nado o pé na súbita descida
ficar assim a olhar duma janela
as árvores e a vida
pensar em ti, com o peso da chuva
deixar fluir o tempo com a leveza das lembranças
e começar a sentir que o sol se erguia
na fresca flor da tarde
na frontaria dos meus olhos
um diadema que arde
meus lábios resinosos
como os pinheiros feridos
numa prece perdida arvorados
a erguer em ti a minha esperança
a fundear em mim o teu olhar
como se fosses apaziguamento
a quem quis pedir o impossível milagre
de ser mais...
assim, ó luminosa nascente
ó penumbra dos meus sentidos
sempre acesa
perdoa se te quis mais além
onde somente a gesta nos inclina
e apenas a ausência é presença...