terça-feira, 29 de julho de 2008

na árvore do teu nome



só a tua mão me prende assim o sono
pelo seio
semeias-me em silêncio o sal e a semente
se prendes em ti toda a reclusão da noite
e o teu sangue se desprende a galope
e te vence

e eu dormia
quando aquela ave veio ao ramal do meu sono
com a sua canora arte
surpreender o meu sossego e chamar-me

e eu hei-de saber que ave é essa
carriça ou tentilhão que tanto me conversa
e faz da madrugada o bebedouro

ela que veio pousar na árvore do teu nome
saberá por certo a atenção com que te escuto
se me despertas pela noite

fala-me, alma de ave ou de serpente
águia cobreira, águia do monte
cotovia, melro, pardela, viúva do paraíso,
perdiz, abibe ou grou

oh, quanto te brilham no alto os olhos de açor,
falco peregrinus que és de rumo altaneiro
o quanto me cerras nas garras do amor
e me sentas no centro da noite, assim.
Como se acordados sonhássemos melhor!


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