quarta-feira, 30 de julho de 2008

poema conjuntival

se em tanto tempo
meus ventos não te ventilaram a febre do sangue
nem te habitaram dentro
com um fluxo fresco e cantante

se a minha natureza é arenosa e permeável
e em mim apenas o amor é estanque

se a minha voz te é inconstante
e o meu nome às vezes te esquece
deixa que a tua natureza amovível te avance
ao rogo que o corpo te pede

se em ti por mim nada mudou
que nos avance
por que hei-de insistir sempre esperando
que um dia nasças para mim
novo e humano

e enfim entendas a graça simples
do que te consagro

talvez afinal não seja nada de diferente
e amores iguais tenha tu sempre diferentes

ou se calhar não és tu o prometido
pela neblina dos meus sonhos
se fosses saberias ter chegado o dia
de nos unirmos
como se reúnem no mar dois lenhos soltos

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