se em tanto tempo
meus ventos não te ventilaram a febre do sangue
nem te habitaram dentro
com um fluxo fresco e cantante
se a minha natureza é arenosa e permeável
e em mim apenas o amor é estanque
se a minha voz te é inconstante
e o meu nome às vezes te esquece
deixa que a tua natureza amovível te avance
ao rogo que o corpo te pede
se em ti por mim nada mudou
que nos avance
por que hei-de insistir sempre esperando
que um dia nasças para mim
novo e humano
e enfim entendas a graça simples
do que te consagro
talvez afinal não seja nada de diferente
e amores iguais tenha tu sempre diferentes
ou se calhar não és tu o prometido
pela neblina dos meus sonhos
se fosses saberias ter chegado o dia
de nos unirmos
como se reúnem no mar dois lenhos soltos
.
