quinta-feira, 17 de julho de 2008

fez um ano... e tu não sabias...

a meio do dia achei a carta. a meio de um dia rotineiro, com o sol a explodir na margem do meu ser, a carta cai-me sob a vista. no rubor da descoberta, o alvoroço. ia reenviar-ta para que visses o fulgor da minha boca, quando ainda me davas nomes teus e terno me acalentavas sob a língua. ia mandar o maço inteiro, preso pelas mãos de então, um recebe e devolve, outro lê responde... ainda nos tacteávamos, mas entre nós ardia a fagulha imensa de um estio fogoso. foi agora, faz um ano hoje. mas não mandei. pergunto-me que irias sentir ao receber o reenvio... que o tempo te retrocedia, ou que era a vida que nos avançava mais em frente, plena de pujança e fantasia? vai e lê. mede o impacto da vida que nos tem vindo a fugir. reduzidos a palavras espalhadas numa tela de plasma, umas pontiagudas e sedosas, ou arrojadas, outras mascaradas na sua aguda intenção de demorada posse. entre as virilhas. como na carta, mas no recanto obscuro de uma leitaria movimentada, onde qualquer um se imiscui no nosso leito e nos goza o fruto das palavras...