para que te envolva o meu abraço, logo na manta da manhã, como um sereno adágio deixa-me ser o ribeiro ágil, a fraga funda, o rosmaninho aceso, o ramo profundo a crosta amável que te afaga e te inunda de terra e de alvor com o núncio das palavras.
desposar o teu riso, que vejo nascente nova, liso nas pedras da corrente, um riso de asas de rosa
no gesto na alvura dos dentes. deixa que te pouse vagamente e que o teu pólen se me acrescente como assombro como lânguido lume do tempo que temos.
um voo que te apague os vãos lamentos, que não se ouça senão um rumor de fontes e os teus lábios imprudentes. e o teu caminho, se mais luminoso, nos maravilhe como dantes a reentrância do desejo. é tarde para tudo, menos para ainda ser um rasto de palha aceso na canícula do dia, talvez no ribeiro da noite, tudo já fresco o amor nos visite, como um mergulho súbito dos sentidos na sua funda verdura.
cala os lábios, meu amor, abre-me as portas da ventura, se quiseres, mas não lamentes os retrocessos e os inversos e os avanços em reverso. embainha tudo de novo e alça a adaga contra o fundo desse mundo impresso na tua fala. vence-te, intemporal, mortaliza-te gente, coberta de defeitos, frágil, sem medo dos medos que o medos nos reparte quando pomos na tela de outros a nossa vida e a nossa mais profunda arte.
e... bom dia!