domingo, 29 de junho de 2008



o meu coração adeja como a cortina azul ali ao vento. é uma brisa fresca que peleja com as frestas da janela e me acarinha a pele, fresca, fresca magnólia da noite, a relva lá fora molhada, o meu corpo salino mimado, beijado, o mar e o sol teus préstimos íntimos, a água doce nos lábios ainda, a beleza que a memória de um dia mágico bebe, bebe como memória verde do sentidos. a liberdade, o bosque, o lago e os nenúfares. fui para o lugar que sempre busco, onde nos cruzámos a meio de um dia único, laivos da última vez que sonhei e estive viva. e hoje refiz a caminhada toda, mas não esperei, nem desesperei. apenas fui, apenas vivi. a minha alegria a fazer eco na serra e eu sem saber o que me fazia levitar na sombra fresca, entre a vegetação densa, os regatos e a memória persistente de ti. fui desaguar ao mar o excesso de sol, envolvi-me nas algas, desenhei-me no horizonte e nadei para ti. depois de noite, a pensar em ti, no carro, na efusão da cidade, um fogo de artifício à minha frente, um frémito, acolher-me-ia aos teus braços com a extensão do sobressalto, todas as vezes que jorrasse para os céus nova chama e um fio finíssimo de frio viesse estremecer a noite. se dermos sempre a nossa cor à vida, passaremos a viver mais perto, ou mais distantes do amor? porque eu hoje estive perto. de tudo voltar a acontecer, tão perto que não te vi, apenas te amei em todas as coisas lindas que a natureza e a vida têm.