ando pela praia dos meus dias colhendo vieiras que ele me lança, enquanto me caminha à frente e eu o sigo nas cerejas de cada passo. nunca houve tanta marca na areia, dir-se-iam passos de aves ao fim de um dia de Verão quando as aves marinhas acorrem às migalhas que a maré ainda não levou. colecciono tudo que encontro, seixos, pedras angulares, nacaradas conchas, ecos de todos os mares onde a palavra amor pousou. mas o mar nunca me responde às preces que a onda leva e leve volta a crista em dor, no silêncio que se segue. encontro só em mim a certeza do amor, o amor esconde-se, transmuta-se, discorre em razões suas que a razão determinou. podia vir um veio de luz na rede que estendo ao amor, mas a rede só me traz tardia a incerteza certa do amor.