tenho o teu rosto nas minhas mãos, delicadamente o passeio e aliso. o teu rosto de enleio meu. meu amor, quero nestas palavras deixar-te mil presenças, outras mil areias moças do meu ventre, mais semântica de cada presente em que me lembras e te escrevo tontamente cartas de amor pelas paredes, às vezes no Tejo, ou no nevoeiro que se me concentra entre portas. tenho o tempo todo entre mãos, labuto com o tempo, avanço-me ao tempo e o tempo vence-me, mas entre essa luta imensa e o cansaço que me advém, estás tu, as tuas mãos tão estendidas , tão ternas e quentes, a doçura indelével que me emanas para o sangue e eu quero alcançar-te e murmurar-te bem dentro toda a sapiência do amor, a que me germinaste, mágicas sementes... meu querido, agora nada nos prende a palavra, o fluxo terno, a troca desvelada das emoções que nos compreendem. estamos dentro delas, cada palavra traz já a inflexão serena e arroubada de uma posse de alma e de corpo, tão segura e certa que hoje, meu amor, eu diria, que estou a nascer de novo. talvez não tenhas notado, mas ontem, ainda ontem a noite me adormeceu febril e ausente, mais terna do que nunca nas veias dos teus braços. meu amor, ontem sucumbi literalmente do bem estar que me deste. já te tinha dito que às vezes isso me acontece? desculpa, se abuso do bem que me és. noites muitas virão e eu sei que serei eu a tornear-te por dentro e a avolumar-te o sossego de tal sorte! Mas ontem, foste tu que me amanhaste a dobra do lençol e me reconfortaste dentro. Beijos para este dia, amor querido, beijos, a toda a hora e constantemente, nesta ridícula carta de amor que mais uma vez só amor igual entende.
até já, sempre
até já, sempre