amanhã escrever-te-ei outra carta de amor e no dia seguinte também, escreverei à tua ausência todos os dias que te exultares em ti, ou noutra, ou no vazio. estou condenada a escrever cartas de amor, podia ser pior destino, condenada à solidão, por exemplo, mas não, imagino-me num outro Inverno a vir, frente a lareira, a escrever e a queimar cartas, serão tantas que me aquecerão a temporada, com toda a paixão que as embebe numa espécie de óleo do amor. com elas queimarei o tempo que tivermos e o que não havemos de ter, queimarei as dúvidas de agora, as indecisões mortais, o tempo nosso que desperdicei, e por fim queimarei até a saudade com aquele odor a pinho que caracteriza as nossas memórias.
sim, amanhã serão muitos dias seguidos, um após outro a escrever para ti as voltas da noite desabitada, e as claras voltas do meu corpo. e no final da noite haverá sempre um beijo novo, repetidamente pousado nos lábios intensos demorados e lúbricos. tu continuarás a colar meticulosamente as folhas secas que pisarmos nu velho álbum forrado a feltro e tecerei a teia para que o vazio se mantenha e nos deixe flutuar...
sim, amanhã serão muitos dias seguidos, um após outro a escrever para ti as voltas da noite desabitada, e as claras voltas do meu corpo. e no final da noite haverá sempre um beijo novo, repetidamente pousado nos lábios intensos demorados e lúbricos. tu continuarás a colar meticulosamente as folhas secas que pisarmos nu velho álbum forrado a feltro e tecerei a teia para que o vazio se mantenha e nos deixe flutuar...