sexta-feira, 22 de junho de 2007

ciprestes mudos

.
esta caminhada
é a das nuvens sem rumo
que pressurosas se apartem
da sua essência e sempre unas
quanto mais dissolutas
mais leves rasam as dunas
.
esta
é a fragmentação última
de um ser que se
reúne com uma multidão
de areia
na liberdade teimosa
de criar uma frágil flora
onde só seca sem cair
a melancolia da demora
.
aqui
passarão por vezes
as nuvens que nos nutrem
outras
os alísios que nos beijam
mas nos queimam
o riso aceso
.
aqui será a sesta do olhar
em Julho
aqui despiremos os ombros
à flor do estio
aqui as fundações do velho porto
de onde algumas vezes
nos partimos
.
aqui relva aqui rossio
aqui talvez dois ciprestes mudos
a rouquidão brusca
um cardo e o desejo
rompem areias
vozes do mundo
e nós calados dizemos tudo
como secretos espinhos
que só nós sabemos
serem veludo
« ~~.~~ »
Boa tarde!