sexta-feira, 22 de junho de 2007

no limiar dos pássaros


Quem pisou o teu mar,
quem o manchou
como os lençóis de Pessanha
poluídos?

Quem rasgou o teu mar
e o deixou em soluços sustenidos?

Alma de gaivota, trainera naufragada,
não andes mais de madrugada
a mendigar ao mar a vida
que te leva a vela ao farol da eternidade

Deixa que o tempo encha as redes
de corais e madrepérolas
de búzios e raridades
Esse será o tempo dos girassóis
a lenha que arde quando a rede
te colher a neve em sal a saudade

Vive no limiar dos pássaros
aprende a voar todas as luas
sem asas rasa os espaços
a nadar entre os escolhos
cobre a nudez do corpo
em cada voo com o lume dos sargaços...
esta é a asa que nos risca o tempo
subliminar dos gestos...