sábado, 30 de junho de 2007

inquietude



não sei se te sinto
se me sinto
se o que sinto
é o calor da tua mão
na minha
ou se me ruborizo
pela mera suposição
de sentir-te
no fundo dos
meus sentidos

sei que fico aqui
encostada à minha face
a sentir o núcleo meigo
o halo magnético
a foice do teu olhar
ardentemente cego
a mondar a luz do meu
à beira de um beijo
entre lábios e fundas raízes
presas ao desejo

sei bem que
não conheço as pedras
do teu caminho
em quantas celas
te encerras nem sei
se outras queres
mais belas

mas algo agudo em ti
profundamente fende
as muralhas e me
harpeja o corpo
em sustenidos ternos

como ondas de prazer
no limiar
dos meus dedos

a noite vem carregada
de ramos trémulos
que tu do fundo do teu
silêncio agitas sem saberes
na pele interdita das palavras
quero-te como uma faca
a dissecar as sílabas
dos meus seios


a noite alonga-se
a lua assiste e nada grita
em sonhos sonharei
que a realidade recolhe
como a sombra sob o sol
para fresca gruta
em sonhos dedilho este Verão
que te procrio
como uma guitarra semeada
no fundo do labirinto
dou asas aos sentidos

e em sonhos vivo...