segunda-feira, 11 de junho de 2007

o canto das flores


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decantarei as manhãs
com os meus dedos
passarei a sua terna substância
para a crista de todos os anseios
cada manhã decantada e cheia
polinizada de amor
será perfeita
cada manhã que venha
magra que seja e macambúzia
será uma manhã pluviosa
diluviana e pura
porque todas as coisas líquidas
se misturam no canto das flores
no choro dos lírios
no orvalho da pele
na simples certeza de respirar
a vida que vier
porque Ser é seguir o exemplo da natureza
que cadenciadamente se renova nos lábios
de cada estação