domingo, 27 de maio de 2007

sono e sonhos...



Esta estrada íntima é a escrita que a manhã coalha após a noite. Decantado pólen nos dedos ainda confusos do estranho sonho, como a casa que se dividia a meio e tinha de ser atravessada pela parte exterior. Estranha vida numa casa incomunicável entre si, a metáfora visível logo que os olhos se abrem e a estrada pueril se perfila. Ou a ida a uma repartição pública para solicitar uma exumação do túmulo recente de uma velha tia (quem?) para reaver uma manta! Estranhos sonhos os meus, esta última parte algo tétrica, mas sem que nada nela houvesse de aterrorizador, afinal o túmulo estava intacto, a manta limpa, o corpo também. E durante a minha ida, na casa incomunicável, a cozinha, perfeitamente isolada do resto, fervia de cozinhados na lareira e no fogão, tanta comida e eu preocupada por não conseguir comer tudo sozinha! Gostava de me lembrar de mais pormenores, há nós que me faltam, a parte difusa e mais esclarecedora é exactamente a que permanece no nevoeiro e me chega sobre a forma única e perturbadora de sensações. E neste sonho havia paz, determinação, conforto. Como se fosse um sonho de aceitação ou de reconciliação com uma parte de mim mesma, agora e no passado. As razões provavelmente o meu inconsciente guardou-as para não me revelar o meu mundo inferior. Ou superior? Impossível, porém, começar o dia sem me libertar da inevitável inquietação que me deixou. Aqui o registo, que a luz do dia o esclareça...