quarta-feira, 23 de maio de 2007

penumbra


.
às vezes, mas só às vezes
sento-me na penumbra e fico lá
a sua sombra protectora embala-me
entre a noite e o luar
e o lume do olhar
às vezes a penumbra
é tudo que há
.
a penumbra nasce dentro
e o seu reino é manso e ameno
não sei da penumbra que esconde escombros
mas da penumbra que se apaga no olhar
e se acende nas estrelas
a segura sede dos cílios presos
na mais profunda paz do mundo
a noite sem a opacidade dos espelhos
sei a penumbra lânguida do corpo mudo
como nave entre a neve e o nevoeiro