quinta-feira, 31 de maio de 2007

flor de cacto


há uma tarde fendida
a duna do corpo
na tarde lisa

o corpo gravita
areias luminosas
quentes magníficas

é preciso despir
intimamente a tarde
como uma rara flor de cacto
pelo avesso da folha
onde sempre arde

fender a tarde túrgida
como ânfora partida
irremediável entrega
antiga

a tarde em frémito urge
desponta e nega
na vertigem do tempo
claramente hoje

a febre e a lança
a forja e a limalha
é preciso desprender
prazenteiramente
as tardes lendárias

é preciso
delinear coordenadas
no deserto a tarde
é uma arca perdida


não sei achá-la