como sinais de chuva o mundo em cinzas regressa-nos
do fundo de uma cisterna
do fundo de uma cisterna
a imagem escura do céu
um rosto carregado da fauna absurda
um rosto carregado da fauna absurda
e o corpo amestrado
extrai a água parada e o silêncio de breu.
como sinais do mundo
extrai a água parada e o silêncio de breu.
como sinais do mundo
a lenta desertificação do olhar
como se pode ter um corpo habitável
como se pode ter um corpo habitável
e apenas
nele a mão apta a semear?
como sinais do sonho
nele a mão apta a semear?
como sinais do sonho
as marcas siderais cercam-nos a fundo
as terras aráveis e o pasto profundo
e na margem muda
e na margem muda
mudamos depressa os rios e os rumos
remamos sem remos
remamos sem remos
num reino a montante
partimos sem dor dum beijo abundante
dizemos adeus até outro instante
.
Bom dia do Trabalhador
a quem passar!
partimos sem dor dum beijo abundante
dizemos adeus até outro instante
.
Bom dia do Trabalhador
a quem passar!