sábado, 14 de abril de 2007

lírios sagazes


variamente volto ao lugar alto
velozes pensamentos assim viajam
vejo-me num vinco da paisagem
a face arbórea um rio pela encosta desce
e toda a natureza tolhida me estremece
.
apresto-me entre os lírios pela tarde
e toda a tarde é um passal de nostalgia
não sei de que me fala esta giesta
nem sei saber o que me dizem os pinhais
todo o vale em si parece respirar verdade
trôpego momento que então abraço
traço a sépia o rubor da eternidade
o céu acende a luz última do astro
.
vem o vácuo a vaga vagamente leve
saibamos como morrer com uma tarde
o corpo aspira o ar restante a rosa parte
como ávida ave de penas breves
a rosa rasga o ar e fundo
muito fundo no horizonte arde
.
crepúsculos estes de lírios tão sagazes
neles buscamos as estrelas a brilhar
e nos sonhos das estrelas que sonhamos
julgamos que estamos a sonhar...