domingo, 15 de abril de 2007

a terra do amor


espera, não enterres já a Primavera
que eu antes de ir ainda tenho uma flor
uma flor convalescente e bela
para te falar da terra do amor
.
eu vivo a verdes espaços num palmo de silêncio
só vivo onde a vedura me exista por completo
e o amor seja o orvalho puro alento
das teias simples e das ervas ascetas
.
cada coisa em si soa diferente
e cada som é em si um espelho
habituei-me às canoras pautas
aos silvos das estrelas sob o gelo
.
e todos estes sons são água leve
que luarmente me convocam sob a pedra
e eu vou para ser o espelho,
a bruma e a palavra
o espelho que de mim nada me quebra
onde o teu rosto foi éfige e flor
da mesma longínqua terra
a terra de Adão e Eva
chamavam-lhe a terra do amor
.
(...)