domingo, 15 de abril de 2007

ondeando pela tarde


.
num poema cabe a minha mão
estendida e profunda como um sabre
é uma mão civilizada e limpa
que tanto une como parte

está nas razões do mundo
ser ou nãs ser como as estrelas
ter ou não ter o fulgor das velas
e arder com mais intensidade
que todas as areias do deserto

estar presa pelos poros
ou presa pelas lianas do dever
ou presa pela voz que sobe aos olhos
num velho castelo vivo
não sou princesa nem ondina
nem riacho nem rio sequer me banha
mas sempre escaparei de mim ilesa
enquanto comigo apenas me prender

mas ó deus dos quatro caminhos
que tudo oferecendo me ofereces nada
ó esfinge sem boca, quanto acenas
e quanto me fechas de Tebas a entrada

ó vã anseio este de te ter
se eu em mim já não sou nada
que mais seria se tendo-te em ti perdesse
claramente longe a chave de minh'alma?