quinta-feira, 19 de abril de 2007

Opiário da Tarde

Lendo papoilas nos teus olhos
neste opiário das ternas tardes
nesta colheita de trigo aos molhos
neste murmúrio das fontes secas
andam papoilas no ar aos pares

vejo-as místicas e plácidas
indiferentes na sua luz lunar
São os versos da paixão
na madrugada dos amores
na doçura das palavras flores
neste sinuoso ardor da ilusão

flor02.jpg

Ah, os caminhos que trilhamos
as searas frescas por mondar
esta ceifa das palavras verdadeiras
em manhãs de alegria feiticeira

Ah, estes rios do pensamento
esta sede de tingir o dia
no vermelho das rosas inocentes
na cegueira dos muros aparentes

Derrubar todas as fomes
saciar todas as sedes
semear todas as fontes
da água limpa dos amoros
Ah, ser tu e ser eu naquele instante
em que o tempo nos envolveu
no seu manto rutilante
e nos crismou de amor
para todo o sempre!