quinta-feira, 26 de abril de 2007

marés de amor


recordo os momentos em que vieram as "marés de amor", um rubor que vem ao rosto e nos palpita na garganta. somos garotos e a maré entra. crescemos nas marés de amor da adolescência. amadurecemos no sal das marés de amor que nos lançamos brandamente com o fogo que as palavras queima. não me lembro quando começaste a trazer-me marés de amor. foram tantas. sou ainda criança e recebo as tuas marés de amor como uma prenda. cresci e voltei a ver-te diante de uma praceta de plátanos. a maré de amor rasante. estavas sentado e espetavas versos nas veias. hoje voltei a encontrar-te. acabaste de entrar no enquadramento da porta, tens a luz atrás de ti e não te vejo o rosto. trazes o amor pela mão, o amor vem tímido e não parece feliz. eu também não sei se mo trazes e ofertas, ou se o ostentas como a base poética da tua vida. apetece-me bater com o pulso no teu peito e pedir para entrar, assim num simples gesto, mas a porta abre-se e afinal não estás, sai de lá outro e de tão distraído, não me vê.