um perfume vago acarinha o ar
sou leve, sou ave, sou luz matinal
derramo palavras não as sei calar
sitiados gestos no teu corpo presos
pensamentos ruivos na manhã deserta
rosas inocentes e romãs despertas
borboletas ébrias em vésperas de flor
voam e velejam num jardim marinho
madrigal de vida de vagas e vinho
e eu espalho no ar tudo o que nos une
o perfume doce do doce prazer
a saudade lume a polpa do sol o pranto da pele
tudo te envio, num barco de papel.