sábado, 28 de abril de 2007

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todos os dias regularmente aconteces
como acontecem os factos manchados de tinta
no jornal comprado ali na esquina

à noite regressas num manto de neve
e em todos os momentos mais me cresces
como apêndice secreto dos meus dias

mas não sei dizer o quanto me és breve
no feitiço da carne apenas a carne entorpece
e a noite sem morrer vazia, brevemente nasce

sobram dela estas sombras esbeltas
de um corpo recortado na manta da morte

arrebatadoramente alerta a estética do amor
leito luarento demorado invento fulvo peito ninho
todos as noites me aqueces no teu frio abrigo


cada manhã recresces como ínvio lírio
e eu liminarmente colho o lento veneno
vagueio e desvario divago e tresleio

prende-me a palavra no prado ao pé do vento
e eu pasto a paz de te saber tão dentro...