sexta-feira, 13 de abril de 2007

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é meia-noite e a noite a meio
molda o bairro no silêncio
o quarto aberto à noite
tu entras e eu entro
a tarde cobriu-nos
com o seu manto secreto
eu nasci e tu nasceste
numa vaga em flama pela pele
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agora eu entro e tu entras
o quarto entreaberto
ao suave vento
tu segredas e eu murmuro
um verbo de puro incitamento
mas sossega, meu amor
não temas o dia em que
um só de nós permanece
avisa-me se fores, e eu
seguir-te-ei até ao monte
ao mar, à morte, e como Orfeu
mil vezes te trarei para o lugar
da vida, onde (me) pertences.
Sentes o coração vivo e a pele em flor?
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Claramente nós hoje cedo e tarde
imersos no amor. Fica onde estás
nenhum movimento no jogo,
nenhuma peça anda, será sempre cedo
para os gestos, sempre tarde para
mudar as regras e os tempos.
E a única vaza que te espero é o amor,
tudo o mais não existe no tapete do quarto
onde ocasionalmente o mundo é abafado
nos seus pesados passos...
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Boa noite!