quinta-feira, 12 de abril de 2007

claramente lume


.

I
o círculo
estremece
o teu corpo pronto
e eu não resisto
.
II
vestido leve
em roda da perna
e a volta revela
o rosa da carne
em tom de promessa
aleivosa leveza
.
III
passa o arrepio
se a mão me aflora
distraída
uma guitarra geme
profunda
e o toque da onda
na garganta
um vagalume que me
lambe e uiva
levemente luz
a leve luva
e o lume da posse
prende
se (me)
desnuda
.
IV
no rodopio
reentras o seio
que enrubesce
e teima em aresta
o toque na boca
a brecha
por certo o amor
o dorso lento
centro a espada
e o golpe prendo
.
V
escorre a flora
interina a língua líquida
uterinamente
em flecha
e nada me resiste
não quero resistir
os afagos que entras
na dança opulenta
em arco profundo
devaneios da pele
presa a pique
profundamente
a carne admite
.
VI
só mais um movimento
silente meneio
na entropia quase breve
sumamente cravas
as unhas na pele
e ancas semeias
geme o violino
a corda tensa
o falo a pino reentra
não resisto
e o sumo desprendo
no teu corpo
que me admite
mais dentro
.
VII
escavas na terra
a flora profunda
silêncio cadente
só tu eu e o prazer
piano arrojadamente
forte
.
VIII
fecho os olhos
a tarde consente
o tempo que nos escorre
sem sair de nós
claramente lume
lânguido após
.