sábado, 9 de abril de 2011

apetece-me encolher devagarinho,
minguante como a Lua
para dentro de uma caverna do tamanho de um dedal
partir para a inconsciência total
um risco no chão, sinal evidente
da minha regressão

não percebo muito bem
quase nada sei do que não sei
dos poemas e dos passos
que deixas na minha alma
pouco deles alcancei

é a clarificação das palavras
contra brumas e rotas de névoa
que nos escurecem
como se entre nós passassem
longas léguas

és em concreto o que és
ou então, se usares um modo ambíguo,
deixarás a chave num lugar menos sombrio

porque para crer é preciso saber
que o tempo é apenas um lugar antigo

o tempo da bruma e do mistério
não, não temos a chave desse caminho

porque eu não sei, nunca soube,
não quero adivinhar o que nunca,
nunca, nunca, mais adivinho