apetece-me encolher devagarinho,
minguante como a Lua
para dentro de uma caverna do tamanho de um dedal
partir para a inconsciência total
um risco no chão, sinal evidente
da minha regressão
não percebo muito bem
quase nada sei do que não sei
dos poemas e dos passos
que deixas na minha alma
pouco deles alcancei
é a clarificação das palavras
contra brumas e rotas de névoa
que nos escurecem
como se entre nós passassem
longas léguas
és em concreto o que és
ou então, se usares um modo ambíguo,
deixarás a chave num lugar menos sombrio
porque para crer é preciso saber
que o tempo é apenas um lugar antigo
o tempo da bruma e do mistério
não, não temos a chave desse caminho
porque eu não sei, nunca soube,
não quero adivinhar o que nunca,
nunca, nunca, mais adivinho