quarta-feira, 9 de março de 2011

somos diferentes

somos diferentes,
se eu vejo azul, tu vês verde
se eu vejo vaga tu vagueias
e vês nuvem onde há areia

somos diferentes,
e depois?

que interessa que vejas alma
onde eu vejo apenas corpo

se Sancho e Quixote
de tão opostos
faziam brilhar o presente
sem pôr em causa o futuro

somos diferentes,
mas que razões há a opor?

se quando a tristeza nos vem
logo nos tange o amor
se quando o silêncio nos cresce
logo um de nós se acentua

somos diferentes? quem diria?
se quando nos olhamos de frente
vemos a mesma alegria
se quando a solidão nos morde
ouvimos a mesma harmonia:
um longo e límpido acorde
que nos deixa em sintonia
num beijo que nos envolve

somos diferentes?
Que sorte!