domingo, 10 de maio de 2009

lagos de doçura




às vezes vejo os poros da tua pele, em pequenos lugares que me compões na frase. anicho esses lugares no quarto do meu silêncio e o resultado é a tua presença. podíamos estar a dizer tantas coisas um ao outro... um lago cheio de coisas, um lago como o dos teus olhos cheios de perfeição, um silêncio habitado por uma voz melodiosa, a arder-me no peito e essa voz seria a tua. a tua voz pode ser um lago de água quente a envolver-me o corpo. tanto mistério numa voz que rebenta assim do interior das águas, do pulso aberto da raiz... a tua voz caminhante, a cascata ao pé e eu a ouvir-te. lagos de doçura e de encanto, a tua voz murmúrio e não eras tu, mas tanta doçura na mentira...
nunca ouvi em lugar algum um timbre tão sereno, um timbre de carícia, uma inflexão de ansiedade com uma doçura tão pronunciada. e eu de amores, só quero o que me vier de ti. é por isso que queria tanto ter-te comigo, quando às vezes vejo os poros da tua pele, em pequenos lugares que me desenhas no coração... por que será que me fitas de tão longe e eu tão perto com a folha e a palavra tão à mão?