
Esta é a noite dos deuses e faunos
silfos luminosos andam por atalhos
rosas ebúrneas em seios aromáticos
murmúrios moços moram nos silvados
Eros que procura o elixir do prazer
a mortal amada aspira o seu odor
sem olhos nem mãos não o pode ter
mas seu corpo cresce para o seu senhor
jubiladas dores nascem do castigo
Psyché tresloucada deixa-se tocar
entre beijos roucos rosas de prazer
murmúrios de fogo abraços de trigo
os amantes gozam os esponsais serenos
nos céus desenhados como sólios seus
no ventre a vaga dor de onda que vem
na voz o grito verte o corpo mais além
muito além da morte, muito além do céu
Psyché tira o lenço para beber o rosto
Eros amanhece triste e desgostoso
Psyché exilada estende as mãos de noite
agora tem vista, tem voz e tem gestos
mas não tem já a mão de Eros no corpo
Esta é a noite leve dos loucos amantes
apartados seres da sede dos corpos
sem serem deuses moram no céu um do outro
a alma anda errante no bosque do sono