
edifiquei as areias
em volta das palavras
areeei com elas os sentidos
as nossas breves almas
caiei tudo de silêncio
e fiz da nossa vida
um lugar circunscrito
abri para ti todas as portas
de todos os moinhos
de todas as marés que me habitam
e também
de todos os segundos
já não te espero
no desconchavo do sonho
o chá esfriou no parapeito
onde por vezes me ponho
já não te creio
nas tuas feridas e fugas
e regressos rotineiros
mas se viesses agora
por terra ou por mar
ou pela fala
alagar de rosas o meu rosto,
eu juro, meu amor,
que toda a cal me estremecia
e do silêncio sairiam lestas
as trovas do corpo
e as da poesia.