quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

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e depois deixas-me ficar assim suspensa da tua voz, interdita, como ave avisada, alvoroçada como a copa das árvores ao vento atroz de um raso planalto. e nunca nada acontece. ou se acontece é algo mediato: muito lentamente a terra treme por simpatia no outro lado do mundo, meia lua mais tarde. é esta lentidão que me pesa nas mãos, um afundar de minutos, sem que a água borbulhe. não posso aceitar o que me ofereces. é tudo tão lento que me afundo na transmissão diferida das águas e dos lumes. e no final, todo o cascalho que a terra acolhe não é de búzios ambarinos, ainda com a forma e o calor da tua mão, mas pedras perfeitas, pálidas palavras postas na boca de gente que eu não sei. e eu perco-me de novo no caminho que te entreguei.