quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

mais um grão de areia, só um ainda, leve que seja, mesmo ligeiro um grão de amor que insisto em dar-te, e em fuga no teu rosto, esta carícia, um beijo lento dado no pulso, nas tuas mãos, entre um soluço, só mais estas palavras ainda, são muito poucas, já não te ferem, nem te golpeiam, preciso delas, preciso ainda de um grão de areia leve e ligeiro. só mais estas palavras amor, ainda este beijo, porque nunca está completa a despedida, quando ainda me enche o peito esta ternura, esta envolvência abençoada que só te pensa e te indaga com a lente do amor. só mais este abraço demorado, volto atrás na escadaria, retrocedo mais um bocado para te olhar, olhar ansiado, te beber nos lábios as lágrimas e os soluços, sabendo que o dia vai ser luminoso ou pardo, mas que nos nossos olhos só as sombras deste tão amplo passado... abro-te o nosso mundo, deixo-te tudo, quero que me lembres em cada grão aqui espalhado, vês como tanto te amei nas palavras e quantas para ti pensei, entrelaçadas, distintas, exactas, na sua cadeia de íntimo significado. vês, amor querido, o que sobrou destes anos, um lugar de instantes e de cores e de rios ocultos e de abraços. deixa-me só deixar mais este grão de areia, esta carícia de um vento pacato, brisa anil na noite em que te estreito mais, e mais fundo nos meus braços. meu amor, quantos segundos bastam para que tudo que nos uniu se afunde e se desfaça... e quantos grãos foram precisos para exprimir todo o amor que em noites como esta o vento do deserto te levava?