sábado, 13 de setembro de 2008

teu berço e vício

olha, hoje não sei musicar a emoção. não insistas, não quero estragar a emoção com o atrito da fala. já não sei moldar a emoção, pelo fundo que a sinto. tudo me devolve a vírgula e o ponto, todas as palavras me vêm à boca e me lavram por dentro. todas. pouso fundo esta colheita farta da emoção e fico dentro da palavra, envolta na fresca pele, viandando, viandante de um voo raso de emoção. como te direi que me quebras por dentro, para me reunires de novo, mais afluente? ou que me dulcificas o semblante, mal me despontas com as palavras de antes... fico-me entre as flores, frágil figurante de um filme onde só entra a emoção. a noite pode até ranger e vergar o seu flanco ao vento, que o meu peito é de flanela, no brando modo que é teu e me comemora, quando me mora mais perto. sim, não falei das romãs que ostentava entre o sorriso, quando a manhã me compôs a voz e o viço, nem que os meus olhos ficaram presos, entre a noite e a manhã como dois cisnes. não sei manusear a emoção de um modo preciso, pausando as palavras em sustenidos na tua boca, soltas notas de um querer franco e ferido. anátema doce a dicção ao teu ouvido, mas páro para sentir o que digo e se não disser o que sinto, mais saberei senti-lo.
silêncio lá fora, de borboletas infinitas. são elas flores aladas que te pousam, enquanto a noite e a distância em todas as superfícies escuras se cristaliza fada e estrelícia de ventura e suplício.

sonha-me teu berço e vício...