sábado, 27 de setembro de 2008

centrífuga

imagem minha


a fuga ao centro

a centrífuga fuga do deserto
para dentro
onde as areias se movem
como peças do tempo
pois todas as coisas refluem
um dia
para o seu próprio centro

até a palavra
quase ida nos lábios
já pouco me assoma
centrífuga
foragida
na forja incandescente
de amores celebrados
mas em lume ainda
no sangue semente

fuga para o centro
onde todos os oásis se concentram
em pérolas e esmeraldas
peças perenes
da matéria funda
que o corpo da terra
sóbrio nos desprende
vagarosamente

férvida corrente
onde tudo se molda
cristais uterinos silenciados beijos
as palavras em fuga
na lisa superfície dos meus dedos
como se o silêncio crescesse
no grito das paredes

e tudo é brando
nostálgico e brando
como só o sossego da terra
sob o sol de Outono
como as mãos que me prendes
ao largo do colo
tão longe do colo!
enquanto a fuga me leva
ao fundo do tempo
para morrer em ti... e haverá lugar
mais belo?


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