sábado, 19 de julho de 2008

lúcio

desertos adentro a noite é uma espada
fria lâmina que roça a ruga na palavra
onde mais busco razões para celebrar-te
mais razões encontro de perder-te

chamo-te Lúcio,
na ausência de outro lugar
que te nomeie
é um bom nome
lembra peixes lisos
e lousas lavadas pelos seixos
água doce e cristalina
como cristais do meu reino

repara, meu amor, que não te encontro
senão na força invisível que me prende
a mesma que nos afasta,
porque nem sempre
sei sentir o teu lume na palavra...

por isso te chamo Lúcio
e fico a olhar esse fio de água
que me venha à boca, iluminado
como um seixo a rolar na poesia
a lisa libação de uma palavra